O processo pelo qual uma pessoa fica protegida contra uma determinada doença é denominado imunização. A imunidade pode ser adquirida de forma ativa ou passiva.
A imunidade ativa resulta da exposição do organismo a um certo antigénio, estimulando a produção de anticorpos. Pode ser adquirida naturalmente no decorrer de uma infeção, ou seja, quando estamos doentes, ou induzida através da vacinação. Em ambas as situações, se o indivíduo no futuro voltar a contactar com essa doença, o seu sistema imunitário irá reconhecê-la e produzir imediatamente anticorpos para combatê-la. Este tipo de imunidade por vezes pode durar a vida toda.
Por sua vez, a imunidade passiva resulta da transferência de anticorpos de uma outra pessoa. São exemplos a transferência de anticorpos maternos para o recém-nascido através da amamentação, ou a administração de determinados medicamentos, denominados imunoglobulinas. Apesar de a imunização passiva conferir uma proteção imediata, esta tem uma duração curta.
As vacinas são medicamentos preparados a partir de agentes infeciosos (vírus ou bactérias), ou da informação genética neles contida, com o intuito de estimular o nosso corpo a produzir uma resposta imunológica contra uma ou várias doenças infeciosas. A vacinação representa uma das formas mais simples, eficazes e seguras de prevenir diversas doenças transmissíveis.
As vacinas ensinam o sistema imunitário a criar anticorpos que o protegem contra a doença, à semelhança do que acontece quando é exposto naturalmente a uma. Porém, como as vacinas contêm apenas formas não infeciosas do agente patogénico, não causam a doença nem o colocam em risco de desenvolver complicações desta.
Ao usarem as defesas naturais do organismo para conferir proteção, reduzem o risco de desenvolver a doença. Ao receber uma vacina, o sistema imunitário é estimulado de forma a:
A vacina é, portanto, uma forma segura de produzir uma resposta imunitária no organismo sem desenvolver a doença. Em alguns casos, esta proteção é para toda a vida, enquanto noutros podem ser necessárias doses adicionais da vacina para manter a imunidade (denominadas doses de reforço).
A vacinação salva milhões de vidas por ano, ao prevenir doenças como a difteria, tétano, tosse convulsa, poliomielite, gripe ou sarampo. Ao vacinar-se, está a proteger-se a si e àqueles que o rodeiam, ao impedir que doenças evitáveis se disseminem na sua comunidade. Quantas mais
pessoas forem vacinadas, mais difícil será que a doença se propague àqueles que não podem ser vacinados, como as pessoas que estão doentes ou que têm um sistema imunitário enfraquecido.
Existem diversos tipos de vacinas. No seu desenvolvimento são tidos em consideração fatores tais como a forma como o sistema imunitário responde ao agente infecioso, que população necessita ser vacinada, e qual o melhor método de fabrico da vacina.
À semelhança do que acontece com outros medicamentos, também as vacinas podem ter alguns efeitos secundários. No entanto, importa salientar que os efeitos secundários das vacinas são geralmente ligeiros e autolimitados, ou seja, desaparecem sem necessidade de tratamento. As complicações mais graves, como as reações anafiláticas, são raras.
Os efeitos secundários mais frequentes são:
Tal como é aconselhado para as reações adversas a outros medicamentos, se suspeitar de uma reação adversa possivelmente relacionada com a vacinação deve notificar o Sistema Nacional de Farmacovigilância (SNF).
Esta notificação pode ser feita eletronicamente no Portal de Notificação de Reações Adversas ao Medicamento (RAM) ou por comunicação ao SNF através dos meios de contacto alternativos, como telefone, e-mail ou correio. Se possível, deve também informar o médico assistente e o responsável pela vacinação.
Caso tenha alguma dúvida sobre a notificação ou dificuldade em registá-la, o seu farmacêutico poderá prestar-lhe auxílio nesse sentido.
Pode saber mais sobre Farmacovigilância aqui.
O Programa Nacional de Vacinação (PNV), em vigor desde 1965, pretende garantir o acesso gratuito às vacinas nele incluídas e é destinado a todas as pessoas presentes em Portugal.
O seu objetivo passa pela proteção dos indivíduos e da população em geral contra as doenças passíveis de pôr em causa a saúde pública e individual, e para as quais existem vacinas eficazes. Assim, através a vacinação, procura-se eliminar, controlar ou atenuar o impacto da doença na comunidade.
As vacinas atualmente incluídas no PNV têm a capacidade de prevenir diversas doenças, nomeadamente:
As vacinas extra-PNV, não fazendo parte deste programa, são prescritas pelo médico consoante a sua avaliação face ao contexto do indivíduo, isto é, ao seu risco de contrair a doença e de desenvolver complicações desta.
Atualmente, estão incluídas neste grupo a vacina contra a gripe, a vacina contra a COVID-19, vacina contra a varicela, vacina contra a hepatite A, vacina contra rotavírus, vacina contra vírus sincicial respiratório e a vacina contra a doença invasiva meningocócica por Neisseria meningitidis dos grupos ACWY.
As vacinas extra-PNV requerem prescrição médica, podendo ser adquiridas e administradas nas farmácias comunitárias. A inclusão dos farmacêuticos no processo de vacinação permite um acesso mais abrangente, com resultados positivos na cobertura vacinal.
Além destas, também as vacinas prescritas na consulta do viajante são consideradas extra-PNV. Estas estão especificamente recomendadas antes de algumas viagens internacionais. São exemplos a vacina contra a febre amarela e febre tifoide. Nestes casos, a vacinação pode ser feita na consulta do viajante e nos centros de vacinação internacional, mediante pagamento de taxa associada.
As vacinas não incluídas no PNV podem prevenir o desenvolvimento das seguintes doenças:
As vacinas extra-PNV prescritas no âmbito da consulta do viajante permitem impedir doenças como a febre amarela, dengue, raiva, cólera ou febre tifoide. Contudo, importa referir que esta lista não é exaustiva e dependerá sempre do risco para desenvolver determinadas doenças, próprio do destino em causa.
As vacinas abrangidas pelo PNV são atualmente recebidas no seu centro de saúde.
A vacinação sazonal contra a gripe e a COVID-19 pode ser feita nos seguintes locais:
No seu boletim de vacinas constam todas as vacinas que lhe foram administradas, assim como a data da próxima administração, quando aplicável. Em alternativa, pode consultar toda esta informação pelos meios digitais através da aplicação SNS24.
Mito: As vacinas contêm muitos componentes perigosos.
Facto: Como em todos os medicamentos, as substâncias incluídas na composição das vacinas não comprometem a segurança da sua administração. Os seus componentes estão presentes em doses muito diminutas, bastante inferiores àquelas a que se é exposto através da sua presença no meio ambiente.
Mito: As vacinas causam autismo e síndrome de morte súbita infantil.
Facto: As vacinas são bastante seguras e a maior parte das reações adversas que ocorrem são temporárias e ligeiras. Não existe qualquer evidência que relacione as vacinas com o desenvolvimento de perturbações do espetro do autismo ou síndrome de morte súbita infantil.
Mito: Uma criança pode ficar doente devido a uma vacina.
Facto: A maioria das vacinas são inativadas, isto é, não contêm o agente infecioso na sua forma "viva”, tornando improvável contrair a doença devido à vacinação. Algumas vacinas contêm organismos vivos e a sua toma pode conduzir a uma forma ligeira da doença.
Mito: As doenças preveníveis pela vacinação são parte da infância e é melhor a criança ter a doença que adquirir imunidade através das vacinas.
Facto: As doenças preveníveis pela vacinação apresentam várias complicações graves que podem ser evitadas através da imunização. As vacinas estimulam o sistema imunitário a produzir uma resposta imune semelhante à infeção natural, sem causar a doença propriamente dita, nem colocar o indivíduo em risco de desenvolver potenciais complicações.
Mito: O sistema imunitário de uma criança não consegue suportar tantas vacinas.
Facto: As crianças têm um sistema imunitário robusto, estando diariamente expostas a inúmeras bactérias e vírus. A carga bacteriana ou viral de uma vacina é pouco significativa, comparativamente a esta exposição regular.
Mito: Quando a maioria das pessoas estão vacinadas e as taxas de infeção são baixas, deixa de ser necessário vacinar-se.
Facto: A vacinação é sempre necessária, já que existe sempre uma parte da população – crianças, grávidas, idosos e pessoas com o sistema imunitário enfraquecido – que não pode receber algumas vacinas. É nestas situações que a imunidade de grupo tem um papel fundamental, pois a vacinação da maioria da população permite que a doença não se propague, protegendo assim a minoria que não pode ser vacinada. Assim, se aumentar o número de pessoas não vacinadas, existirá um risco crescente dos vírus e/ou bactérias se disseminarem. Além disso, mesmo que uma doença não seja uma ameaça em Portugal, pode ser comum noutros países. Isto torna-se particularmente preocupante pelo aumento das viagens internacionais.
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